quarta-feira, 30 de julho de 2008

O Meu Olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência, E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Quando eu era criança
queria ser pintora
mal eu sabia,
que um dia
tudo pudesse mudar
que eu cresceria,
e a vida me mostrará,
a pintura de todos os dias
sem que eu precisasse pintar

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Sei que posso pular
de quintal em quintal
até onde eu possa enxergar
ver as árvores ou o mar
e a música da vida tocar

Em cada lugar
quero encontrar
o esperado inesperado
que não me alcançam às mãos
e me escapam aos dedos

Sigo em busca constante
constante busca eu sigo
sem anseio e desespero
apenas flui em meu peito
todos os desejos
imenso desejo, eu vou.
Semelhanças não me dizem nada no momento que vivo seqüências repetidas
procuro estabilidade em cima da linha exata,
Então me jogo para tentar passar de um lado para o outro
É difícil quando se olha de cima para baixo
sabendo que em um segundo tudo pode passar por mim sem eu perceber
e eu cair
Então não olho para baixo
prefiro olhar para frente
Que banal!
porque quando tremo, tenho medo
Que desleixo!
De imediato tento seguir a linha exata
sigo o eixo
Meu corpo sente,
se nega a passar
É difícil não pensar
O que faço se negar?
Que se calem todos agora,
deixa eu andar
Sigo na linha reta
sem exitar em parar.
Arte minha que procuro todo dia
estou aberta pra saciar a sede que me seca
Quando se quer
tudo pode ser
tudo se pode ter
Quando não quer
é só deixar o que é,
acontecer

Está em cada segundo de vida
passa despercebida
mas está viva
basta olhar
e não se negar
a enxergar
Tudo é vida viva
Arte,
cotidiano do dia-a-dia